quarta-feira, junho 15, 2011


Um vídeo que relata um pouco do nosso universo, porém de forma humorada e cômica é o do Programa da Globo, Os Aspones, exibido no final do ano de 2004. Embora a série não esteja totalmente voltada ao ambiente de trabalho dos arquivistas, demonstra bem o que pode ocorrer na prática, como o descaso com os documentos ao se decidir aleatoriamente o que pode ou não ser descartado, sem ao menos fazer uma avaliação arquivística.

O que nós costumamos chamar de massa documental acumulada pode ser traduzido como bagunça sem tratamento. A desordem é tão grande que nem o fax é encontrado, se é que ele existe!

Também é interessante o uso do termo Arquivo Morto, tão repugnado por nós arquivistas, que sempre tentamos explicar: O correto é Arquivo Permanente...! Ele ainda tem utilidade, não está morto coisa nenhuma...!



Relembramos também aquela situação do servidor que já passou por todos os setores do órgão, e como não conseguiu bom desempenho em nenhum, acabou sendo mandado para o arquivo.

A especialidade dos arquivistas é o arquivamento?! Desde quando?! O arquivista se ocupa da gestão de documentos, ou seja, das fases corrente e intermediária, mas também da fase permanente, competindo a ele atividades diversificadas, como classificação, ordenação e inclusive o arquivamento, que ao contrário das outras duas não é intelectual e sim física. Além do mais, o arquivista participa mesmo que indiretamente da produção, da aquisição, e da descrição, dentre outras atividades.

Não tem nenhuma sequência lógica? É claro que se trata de um serviço sistemático...! Tanto que existe uma faculdade para instruir quanto a isso, não apenas seguimos nossa intuição, ao contrário do que muitos pensam...!

Trabalho sem emoção...! Realmente o pessoal pensa isso...!

Relaxante... Até o momento em que se consegue encontrar tudo que lhe é solicitado...!

São desafios como estes que nos esperam pela frente...! São com eles que teremos que quebrar a cabeça...!

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O arquivista não pode simplesmente garantir o acesso a qualquer documento, pois existem fatos que não podem ser simplesmente mostrados, são confidenciais, guardam uma história, preservam uma memória que às vezes é impedida de vir à tona...!

Isso gera uma enorme pressão psicológica, não somente por sua parte, mas também pela das pessoas interessadas em remexer no passado. Existe por trás uma questão política muito forte...!

                                   

O filme Uma cidade sem passado mostra bem esta realidade. O chato é que o mesmo foi produzido na Alemanha, na década de 90, o que dificulta o acesso. Não é fácil encontrá-lo para baixar da internet nem mesmo em alemão, quem dirá legendado em português e muito menos dublado. Mas para quem se interessar...

Baseado em fatos reais, conta a história da jovem estudante alemã Sonia Rosenberger (Lena Stolze), que após ganhar um concurso de redações recebe uma proposta para participar de uma nova competição e para isso, escolhe a temática: minha cidade natal durante o III Reich.

Ela recorre primeiramente à memória coletiva, transmitida oralmente por aqueles que viveram no dado período, porém isto não é suficiente. Então ela dá os primeiros passos em busca de informações sobre o passado, visitando instituições de pesquisa. Apesar da dedicação, as Informações obtidas além de escassas, não oferecem os subsídios necessários para o desenvolvimento do projeto. As pessoas envolvidas se limitam a dar informações que poderiam contribuir, alegando não lembrar o que acontecia na cidade.

Relembrar um passado marcado por situações traumatizantes é o mesmo que remexer em uma ferida que ainda não cicatrizou completamente. Sendo assim, o silêncio surge como uma alternativa eficaz para o esquecimento de memórias desconfortáveis ou comprometedoras.

Até mesmo as primeiras instituições de pesquisa visitadas fecharam suas portas para a estudante. As justificativas para a negação do acesso às fontes eram variadas. Por exemplo, o diretor do arquivo e biblioteca da Igreja alegou que lá só havia obras teológicas, portanto, de pouco valor informativo para os interesses da pesquisadora. Já a direção do jornal Pfilzinger Morgen, que havia permitido o acesso às fontes por um momento, justificou a proibição pelo fato dos documentos estarem em processo de micro-filmagem.

O trabalho dela divide-se em dois momentos: o primeiro corresponde à competição para a qual a pesquisadora foi convidada a participar e o segundo, já com o prazo do concurso expirado é quando a protagonista faz da pesquisa uma causa social. Cabe salientar que a princípio, o trabalho não tinha como foco a memória vergonhosa a qual todos na cidade preferiam ocultar. Inicialmente o objetivo era mostrar “a verdade” e como a cidade resistiu ao nazismo.

Os moradores de Pfilzing não compactuam com as ideias da pesquisadora, que passa a ser hostilizada pelos compatriotas sob acusações de ser espiã, comunista e judia.

Apesar das adversidades Sonia não desiste de dar encaminhamento do seu trabalho e para isso, em várias ocasiões precisa processar a própria cidade para ter acesso às fontes que necessitava para a elaboração do mesmo. De posse dos documentos Sonia finalmente confirma suas suspeitas, mas antes ela precisou até mesmo fazer com que o prazo deixasse de ser 50 anos e passasse para 30, como era há um tempo e enfrentar as desculpas de empréstimo e até extravio.

Os motivos que levavam a população e as instituições sociais a tentar manter o passado na escuridão eram vários, desde a existência de campo de concentração na cidade a experimentos com seres humanos e até o envolvimento de dois padres (que ainda estavam vivos) na prisão de um judeu inocente. Após a revelação dos fatos e o reconhecimento da imprensa internacional pelo trabalho de revisão da história recente, Sonia passa da condição de vilã a heroína por ter mostrado a população de Pfilzing “a verdade que estava escondida”.
É interessante que nem sobre ameaças ela decidiu se calar. O medo estava evidente, uma vez que isto colocava em risco não só a sua vida, mas também a de suas filhas Sarah e Rebecca, seu marido (professor de física da época do colégio), seus pais (que sempre a apoiaram, a ajudaram a lidar com as pressões e a investigar), seus irmos e até mesmo sua avó, tão orgulhosa da neta. Ela é perseguida, jogam bombas em seu domicílio, chegam até mesmo a bater nela, mas ela não se detém diante de nada disso.

É uma pena que ela tenha um final tão trágico, agredindo seus pais e se isolando. Ou seja, estava à beira do abismo e da loucura.

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terça-feira, junho 14, 2011


Os arquivistas desempenham simultaneamente diversas atividades, ou seja, eles não vão passar alguns dias fazendo uma listagem de transferência e quando terminar avaliar todos os documentos e somente depois cuidar de outros afazeres e atribuições. Eles realiza aos poucos tudo e de tudo um pouco!

Assim, o arquivista está quase que constantemente sentado em uma cadeira ou em pé arquivando as pastas suspensas, ou ainda carregando caixas e caixas com documentos que serão despachados.  Não é de se espantar que sinta dores de coluna e dores musculares, causadas inclusive por carregar peso.



Desta forma é recomendável que utilize uma cadeira confortável (de preferência recomendada pelo ministério da saúde) e que procure manter sempre uma boa postura...! Algumas vezes é inevitável... Contudo, quando não for possível prevenir essas dores, basta procurar a ajuda de um médico...!

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Falemos mais um pouco sobre restauração...!

A restauração atua para tentar restituir o documento danificado o quanto for possível.



AGENTES EXTERIORES QUE DANIFICAM OS DOCUMENTOS

1. FÍSICOS

· Luminosidade - a luz é um dos fatores mais agravantes no processo de degradação dos materiais bibliográficos.

· Temperatura - o papel se deteriora com o tempo mesmo que as condições de conservação sejam boas. O papel fica com sua cor original alterada e se torna frágil e isto se chama envelhecimento natural.

· Umidade - o excesso de umidade estraga muito mais o papel que a deficiência de água.


2. QUÍMICOS

· Acidez do Papel - Os papéis brasileiros apresentam um índice de acidez elevado (pH 5 em média) e portanto uma permanência duvidosa. Somemos ao elevado índice de acidez, o efeito das altas temperaturas predominante nos países tropicais e subtropicais e uma variação da umidade relativa, teremos um quadro bastante desfavorável na
conservação de documentos em papel.

· Poluição Atmosférica - A celulose é atacada pelos ácidos, ainda que nas condições de conservação mais favoráveis. A poluição atmosférica é uma das principais causas da degradação química.

· Tintas  - A tinta é um dos compostos mais importantes na documentação. Foi e é usada para escrever em papéis, pergaminhos e materiais similares, desde que o homem sentiu necessidade de registrar seu avanço técnico e cultural, e é ainda indispensável para a criação de registros e para atividades relacionadas aos interesses de vida diária.

3. AMBIENTAIS

· Ventilação - É um outro fator a considerar como elemento que favorece o desenvolvimento dos agentes biológicos, quando há pouca aeração.

· Poeira - um outro fator que pode favorecer o desenvolvimento dos agentes biológicos sobre os materiais gráficos, é a presença de pó.

 4. HUMANOS

· O Homem, ao lado dos insetos e microrganismos é outro inimigo dos livros e documentos, embora devêssemos imaginar que ele seria o mais cuidadoso guardião dos mesmos.



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Nada melhor para a Saúde do que um GRANDE SORRISO !!!


Está comprovado que bom humor e otimismo vacinam nosso corpo contra todo tipo de doença.

É difícil pensar em alguém que não se sinta bem após uma sessão de gargalhadas. Mas será que além do bem estar que o riso provoca, ele realmente faz bem à saúde? O velho ditado de que rir é o melhor remédio tem algum fundamento? 

A falta de senso de humor, ou uma vida acompanhada de impaciência, raiva e atitudes hostis, estão associados a um maior risco de desenvolver pressão alta, piorar o controle dos níveis de glicose e ainda aumentar o risco de doença isquêmica do coração e de morte. Sabemos também que o senso de humor de uma pessoa está associado a outras virtudes que facilitam as relações sociais, como é o caso da empatia, capacidade de se relacionar com intimidade e confiança interpessoal.



Quem sorri estimula o cérebro a liberar endorfina e serotonina — substâncias responsáveis pela sensação de prazer e felicidade. Essas substâncias proporcionam uma sensação de leveza e bem-estar, além de ativarem o sistema imunológico. Essa imunização ajuda a prevenir, principalmente, doenças ocasionadas por elevado grau de estresse.



Sorrir é um remédio sem efeitos colaterais; não precisa de prescrição e é de graça. Por isso, pare de franzir a testa e solte uma boa gargalhada sempre que possível que os benefícios virão.



Algumas inspirações para você:

Veja a opinião de Hitler sobre o Arquivo:

Agora veja como eram os Arquivos na Ditadura:






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segunda-feira, junho 13, 2011


Se você quer lutar por melhores condições de trabalho...


Se ainda está com as mãos ásperas de tanto mexer nos papéis e nem o melhor hidratante está adiantando, pois não são disponibilizadas luvas, ou ainda, se está sofrendo com aquela alergia, pois já praticamente implorou máscaras ao seu chefe... Fique atento...!

Para quem ainda não sabe, os arquivistas possuem um sindicato, o Sindicato Nacional dos Arquivistas e Técnicos de Arquivo (SINARQUIVO). Segue abaixo o site do sindicato e também o site da comunidade virtual do SINARQUIVO.

http://www.sinarquivo.org.br/

http://sinarquivo.ning.com/

Esta é uma forma de mudar a realidade do nosso Brasil, na qual as empresas privadas e os órgãos públicos têm dado pouca ou nenhuma atenção à saúde de seus colaboradores. De fato não há preocupação nem mesmo com a saúde dos funcionários dentro da Organização como um todo, quanto mais no arquivo... Infelizmente...



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Você tem alergia e mesmo assim quer fazer ou faz Arquivologia?! Até rimou...! Não se sinta desmotivado com os comentários maldosas das pessoas, a alergia não vai te impedir...!



Como evitar as alergias?
Como os agentes causadores das alergias estão presentes no ar como a poeira e os fungos, podemos tentar reduzir o contato através do que chamamos de controle ambiental. Este consiste em cuidados diversos para diminuir o contato com estes no ambiente de trabalho, como por exemplo, o uso de máscaras e luvas. É possível também diminuir aos poucos a sensibilidade do indivíduo ao(s) alérgeno(s) através de imunoterapia (vacinas específicas) realizada com supervisão médica.
A influência do clima

O inverno é a época em que mais se agrava a freqüência de crises respiratórias. O tempo mais seco diminui as defesas e secreções das vias aéreas, deixando-as mais vulneráveis. O frio e o fenômeno das inversões térmicas dificultam a dispersão de poluentes do ar, o que facilita a inalação de agentes que causam alergias. Além disso, as pessoas tendem a passar mais tempo em locais fechados e com maior aglomeração, o que facilita o contato com os agentes causadores das alergias. No verão, as alergias respiratórias tendem a melhorar com o tempo mais firme e maior umidade do ar.


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O documento, mesmo que possua todas as propriedades físicas e químicas que o faça durar séculos, sofre várias influências que podem prejudicá-lo. Pode-se, então, dividir em três classes os fatores que ocorrem para danificar os documentos: químicos, físicos e biológicos


Para se falar em fatores químicos, deve-se dividi-los em sua natureza: os de natureza intrínseca que tem origem no processo de manufatura do suporte e os de natureza extrínseca originados do meio ambiente na forma de poluição atmosférica, das tintas que são elementos fundamentais nos documentos gráficos, pelo contato de documentos não ácidos com materiais acidulados e pela poeira.


O papel, é composto basicamente de fibra de celulose e aditivos sendo que estes contribuem para obtenção de papéis mais lisos e homogêneos, com melhor acabamento e mais aptos a impressão. Estes aditivos em condições apropriadas de temperatura e umidade reagem entre si, formando ácidos que destroem o papel. Outro fator de deterioração intrínseca, nos papéis é o uso de fibras não purificadas, isto é, das quais não se removeu a lignina. A lignina afeta a resistência do papel envelhecendo-o rápido, desencadeando um acelerado processo ácido. O papel ácido se apresenta geralmente duro e frágil e em geral escurecido. 

Para reforçar a qualidade e destruir a acidez que vem do exterior, o papel deve conter uma reserva alcalina que neutraliza os ácidos, de preferência durante a sua fabricação. Se for adicionado ao papel Carbonato de Cálcio ou de Magnésio na quantidade mínima de 2% ele se torna alcalino. No entanto a alcalinidade, quando muito alta, não pode ser considerada como fator de segurança, pois o material fica sujeito a ataque biológico.


Em um documento, o índice de pH de 0 a 6,9 é comprovante de acidez, e de 7,1 a 14 da alcalinidade do papel.  Os valores mais seguros ficam entre 6.2 a 6,7 se não ocorrer riscos de um ataque biológico, e caso contrário, o valor mais seguro está entre 8,5 a 9,5.

A desacidificação é a técnica de restauração, pela qual os elementos ácidos são tratados para aumentar o pH com o intuito de lhes respeitar a integridade física. A desacidificação é provavelmente o processo mais importante na preservação de papéis. No entanto, para este processo dar resultado, é necessário que, além de neutralizar a acidez se forneça também, uma reserva alcalina que previna ataque futuros.

Um método ainda muito utilizado hoje em dia, é o banho químico com hidróxido de cálcio ou com o hidróxido de magnésio. Este tratamento só é indicado quando a tinta dos documentos não é solúvel em água.

Em 1981, a NASA começou um novo processo com o dietil-zinco mais conhecido pela sigla DEZ. O processo DEZ produz uma retirada da acidez homogênea e uma reserva alcalina suficiente e, permite tratar 5000 volumes em uma só operação. O uso do DEZ aumenta a durabilidade do papel para 5-6 séculos. Seu uso implica em custo elevado e, além disso, é um produto instável necessitando grandes precauções em seu emprego.

O branqueamento do papel é uma operação estética e como tal deve ser prevista no planejamento de preservação. Os métodos de branqueamento não devem ser prejudiciais à obra, como é o caso do permanganato de potássio que possui efeito danoso ao papel. O mais utilizado, inclusive no Brasil, é o banho com o oxidante hipoclorito de sódio em água deionizada, que procede ao clareamento das folhas. Depois com hipossulfito de sódio para neutralizar a ação do hipoclorito e, por último se utiliza o banho com hidróxido de cálcio para alcalinizar os papéis assim processados. Esse método tão demorado e trabalhoso vai trazer certos danos à obra, somente sendo utilizado quando necessário.

A poluição atmosférica, como causa extrínseca, está associada às cidades e às industrias e é uma das causas da degradação química no papel. A poluição gasosa é causada pela queima de combustíveis, indústrias, etc. e inclui poluentes ácidos como o dióxido sulfúrico e poluentes oxidantes como o ozônio. O dióxido sulfúrico presente no ar em qualquer concentração, é prejudicial ao papel pois em contato com documentos produz o ácido sulfúrico. Esses poluentes também causam danos nos materiais fotográficos, filmes fotográficos e as fotografias são vulneráveis ao sulfeto de hidrogênio, dióxido sulfúrico, peróxido de hidrogênio e a certos vapores orgânicos.


A poeira não só constitui um mal estar para quem cuida dos documentos, como também é um agente destruidor pela ação cortante de suas pequenas partículas minerais. A poeira é uma mistura de detritos de substâncias, orgânicas e inorgânicas, entre as quais encontram-se agentes biológicos tidos em suspensão ou postos em movimento pelas correntes aéreas. Sua constituição revela os fatores nocivos que contêm, especialmente se provêm de estações ferroviárias, oficinas, indústrias e ruas poeirentas. A poeira possui partículas quimicamente inertes, porém ácidas. Esta acidez é transmitida por contato ao material documental, ocasionando danos químicos.

A forma de manter estes fatores de destruição fora de ação é utilizar equipamentos que contenham filtros que absorvam os gases poluidores, filtrem o ar e, principalmente, a higienização do acervo. É interessante que o ar seja filtrado de forma a eliminar 95% das partículas de poeira e é recomendável que em áreas de poluição intensa se utilize o ar condicionado central para favorecer todo o acervo

A tinta, também pode vir a ocasionar danos aos materiais do acervo. Os tipos de tintas mais utilizados são: as tintas a base de fuligem também chamadas de nanquim, as tintas ferrogálicas ou de ferro que é o resultado da combinação de um composto ácido ( ácido gálico ) e sal de ferro ( sulfato de ferro ). O primeiro não é agressivo e tem boa permanência e a segunda considerada comercialmente como permanente por ser insolúveis em água possui grande instabilidade química, sendo o motivo dos maiores danos que sofre a documentação escrita com esse tipo de tinta. 






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